Pelo menos todos os anos um novo "desafio" perigoso surge nas escolas e redes sociais de crianças e adolescentes e tira o sossego dos pais. Como 2017 não poderia ser diferente, um novo jogo suicida surgiu e já fez vítimas no Brasil e Europa.
Conhecido como 'Desafio da Baleia Azul' (ou "Blue Whale Challenge"), o "game" consiste em realizar uma série de 49 a 50 tarefas, antes de fazer alguma loucura para terminar com a própria vida. Os desafios incluem ouvir horas de música psicodélicas, passar um dia inteiro sem dormir assistindo a filmes de terror e até mesmo desenhar uma baleia azul na própria pele através de cortes, tudo isso com um objetivo: o suicídio.
O desafio mortal já levou ao suicídio de três meninas na Rússia, que conseguiram "completar o jogo". Quem demanda os desafios para as pessoas são outros jovens que lideram grupos específicos nas redes sociais. De acordo com a mídia internacional eles chegam a fazer ameaças a quem ousa desistir do jogo. Avisos como "nós iremos atrás de você e da sua família" marcam a atmosfera de medo e tristeza que dezenas de pessoas com depressão vivem ao submeter-se ao desafio.
Desafio da baleia azul no Brasil
Já se registraram duas vítimas fatais no país: um rapaz de 19 anos morador de Pará de Minas (MG) e uma adolescente de 16 anos de Vila Rica, uma pequena cidade a 1.270 km de Cuiabá (MT).
Além disso, um adolescente de 16 anos, morador do Mary Dota, em Bauru, usou uma lâmina de apontador para cortar várias partes de seu rosto, logo após ter ameaçado o próprio pai com uma faca.
A briga foi o elo para a descoberta dos pais. O garoto contou à uma reportagem que estava na décima quarta "fase" do game, de um total de 50. Ele já havia, inclusive, se automutilado outras vezes e pretendia seguir até o último desafio, ou seja, dar fim à própria vida. "Eu estava disposto a me matar. É difícil lutar pela vida. O jogo é uma escolha mais fácil", disse.
Este, entretanto, não é um caso isolado na região. No de abril outro adolescente de 13 anos também tentou suicídio em Jaú (47 quilômetros de Bauru) aparentemente influenciado pelo "Baleia Azul". Ele precisou ser internado no hospital psiquiátrico Thereza Perlatti. Agora, a família luta para tirá-lo da depressão.
Suicídio e depressão no Brasil
Cerca de 5,8% da população brasileira sofre de depressão – um total de 11,5 milhões de casos registrados no país, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O índice é o maior na América Latina e o segundo maior nas Américas, atrás apenas dos Estados Unidos, que registram 5,9% da população com o transtorno e um total de 17,4 milhões de casos.
Já falando sobre suicpidio, o Brasil é o oitavo país que mais comete. Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes – alta de 17,8% entre mulheres e 8,2% entre os homens.
Como prevenir o suicídio?
A psicóloga do Centro Terapêutico Multidisciplinar de São Vicente, Tereza Christina Gonçalves diz que as causas dos pensamentos suicidas podem ter início em várias patologias como depressão, esquizofrenia, questões sociais e até mesmo conflitos familiares. "Geralmente a pessoa dá indícios muito claros de que algo não vai bem. Tudo acontece por meias palavras, dizendo que não quer mais viver, que gostaria de fechar os olhos para sempre e que é um inútil para a sociedade", diz.
Segundo a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), todos os anos são registrados cerca de dez mil suicídios no Brasil, e mais de um milhão em todo o mundo. Estima-se que até 2020 poderá ocorrer um aumento de 50% na ocorrência anual de suicídios em todo o mundo, ultrapassando o número de mortes decorrentes de homicídio e guerra combinados.
Conheça também o Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email, chat e Skype 24 horas todos os dias.
Telefone: 141
Site e contatos: http://www.cvv.org.br/
Fonte: Vila Mulher
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